Atleta e joelho, joelho e atleta.
Combinação inseparável que não funciona isoladamente. Não importa qual o
tipo de atleta, profissional, amador ou recreativo, pois as estruturas
existentes nos joelhos são as mesmas e sofrem os mesmos riscos e
lesões.
O
grande vilão do joelho é a torção. Meniscos, ligamentos, tendões e
cartilagens podem sofrer lesões quando o atleta mantém o pé parado, fixo
no chão, e gira o corpo sobre o joelho. O número de lesões e as
estruturas lesionadas estão diretamente ligados ao grau de energia
realizada nesta torção. Também podemos ter outras maneiras de lesionar
estas estruturas, como: agachamento, hiperflexão do joelho, traumas
diretos no joelho (pancadas) e movimentos repetitivos, além de outros
tipos de mecanismos.
As estruturas do joelho mais comumente
lesionadas são os meniscos e o ligamento cruzado anterior. Os meniscos
são estruturas fibrocartilaginosas internas do joelho que ajudam na
distribuição de carga, estabilidade, lubrificação e sensação de posição e
velocidade. Existem dois meniscos em cada joelho e a torção pode levar a
ruptura deles. As lesões dos meniscos são comumente tratadas por
artroscopia por meio da retirada desta parte lesada ou sutura, quando
possível! As diferenças destas duas técnicas estão no tempo de
recuperação e nos efeitos futuros sobre o joelho. Na meniscectomia
(retirada da parte lesada), a recuperação é rápida e com uma boa
reabilitação, o atleta retorna em aproximadamente um mês, porém ocorre
um aumento da carga sobre a cartilagem que no futuro pode levar ao
desenvolvimento de artrose. Na sutura é ao contrário, demora
aproximadamente três meses para o retorno das atividades, porém diminui o
desenvolvimento de artrose, pois ocorrendo a cicatrização da parte
lesada, o menisco ficará preservado.
O ligamento cruzado anterior também é
lesionado com freqüência. Sua ruptura pode ser parcial ou total. Na
parcial, a conduta para o tratamento depende da quantidade lesionada e
do sintoma de falseio do atleta. Se não houver a sensação de falseio e
instabilidade e durante o exame do atleta o médico constatar pouca
frouxidão pode ser tentado o tratamento sem cirurgia com reabilitação
muscular e exercícios de propriocepção, mas sempre deixando claro ao
atleta que o ligamento não é mais o mesmo e que a ruptura completa
poderá ocorrer.
Quando o ligamento cruzado anterior
rompe totalmente, o tratamento é cirúrgico, pois há a necessidade da sua
reconstrução. São utilizados enxertos do próprio paciente, como o terço
central do tendão patelar, tendões do semitendíneo e do grácil e o
tendão quadricipital. O enxerto quádruplo do semitendíneo e grácil têm
sido utilizados com muita freqüência, principalmente com o avanço das
técnicas de fixação no osso, tanto em atletas profissionais quanto em
recreativos, diminuindo o tempo de convalescência inicial.
Não importa o nível de atividade do
atleta, profissional, amador ou recreativo, o conselho que sempre tem
que ser seguido para ter um joelho saudável e com menos risco de lesão é
ter um bom preparo muscular com fortalecimento, alongamento e
propriocepção, o uso de calçado adequado ao piso em que se pratica o
esporte, tentar não manter o pé fixo (imóvel) no chão enquanto gira o
corpo e ficar atento a qualquer sinal de dor, estalido e inchaço, pois
um pequeno problema com fácil resolução pode se tornar maior e
necessitar de um grande período sem atividades. Por isso atletas, cuidem
dos seus joelhos!
Por Dr. Geraldo S.M. Granata Jr.
Responsável do CTJ – Centro de Tratamento do Joelho
Mestre e Doutor, Membro do Grupo do Joelho da Universidade Federal de São Paulo
Responsável do CTJ – Centro de Tratamento do Joelho
Mestre e Doutor, Membro do Grupo do Joelho da Universidade Federal de São Paulo