sábado, 31 de agosto de 2013

ATLETAS E SEUS JOELHOS

Atleta e joelho, joelho e atleta. Combinação inseparável que não funciona isoladamente. Não importa qual o tipo de atleta, profissional, amador ou recreativo, pois as estruturas existentes nos joelhos são as mesmas e sofrem os mesmos riscos e lesões.  
 O grande vilão do joelho é a torção. Meniscos, ligamentos, tendões e cartilagens podem sofrer lesões quando o atleta mantém o pé parado, fixo no chão, e gira o corpo sobre o joelho. O número de lesões e as estruturas lesionadas estão diretamente ligados ao grau de energia realizada nesta torção. Também podemos ter outras maneiras de lesionar estas estruturas, como: agachamento, hiperflexão do joelho, traumas diretos no joelho (pancadas) e movimentos repetitivos, além de outros tipos de mecanismos.
           As estruturas do joelho mais comumente lesionadas são os meniscos e o ligamento cruzado anterior. Os meniscos são estruturas fibrocartilaginosas internas do joelho que ajudam na distribuição de carga, estabilidade, lubrificação e sensação de posição e velocidade. Existem dois meniscos em cada joelho e a torção pode levar a ruptura deles. As lesões dos meniscos são comumente tratadas por artroscopia por meio da retirada desta parte lesada ou sutura, quando possível! As diferenças destas duas técnicas estão no tempo de recuperação e nos efeitos futuros sobre o joelho. Na meniscectomia (retirada da parte lesada), a recuperação é rápida e com uma boa reabilitação, o atleta retorna em aproximadamente um mês, porém ocorre um aumento da carga sobre a cartilagem que no futuro pode levar ao desenvolvimento de artrose. Na sutura é ao contrário, demora aproximadamente três meses para o retorno das atividades, porém diminui o desenvolvimento de artrose, pois ocorrendo a cicatrização da parte lesada, o menisco ficará preservado.
          O ligamento cruzado anterior também é lesionado com freqüência. Sua ruptura pode ser parcial ou total. Na parcial, a conduta para o tratamento depende da quantidade lesionada e do sintoma de falseio do atleta. Se não houver a sensação de falseio e instabilidade e durante o exame do atleta o médico constatar pouca frouxidão pode ser tentado o tratamento sem cirurgia com reabilitação muscular e exercícios de propriocepção, mas sempre deixando claro ao atleta que o ligamento não é mais o mesmo e que a ruptura completa poderá ocorrer.
           Quando o ligamento cruzado anterior rompe totalmente, o tratamento é cirúrgico, pois há a necessidade da sua reconstrução. São utilizados enxertos do próprio paciente, como o terço central do tendão patelar, tendões do semitendíneo e do grácil e o tendão quadricipital. O enxerto quádruplo do semitendíneo e grácil têm sido utilizados com muita freqüência, principalmente com o avanço das técnicas de fixação no osso, tanto em atletas profissionais quanto em recreativos, diminuindo o tempo de convalescência inicial.
            Não importa o nível de atividade do atleta, profissional, amador ou recreativo, o conselho que sempre tem que ser seguido para ter um joelho saudável e com menos risco de lesão é ter um bom preparo muscular com fortalecimento, alongamento e propriocepção, o uso de calçado adequado ao piso em que se pratica o esporte, tentar não manter o pé fixo (imóvel) no chão enquanto gira o corpo e ficar atento a qualquer sinal de dor, estalido e inchaço, pois um pequeno problema com fácil resolução pode se tornar maior e necessitar de um grande período sem atividades. Por isso atletas, cuidem dos seus joelhos!

Por Dr. Geraldo S.M. Granata Jr.
Responsável do CTJ – Centro de Tratamento do Joelho
Mestre e Doutor, Membro do Grupo do Joelho da Universidade Federal de São Paulo