quinta-feira, 28 de novembro de 2013

OBRIGADO, ENCICLOPÉDIA!

      Era um amistoso na cidade do México: Botafogo x River Plate. Garrincha estava estraçalhando o beque Vairo. Nestor Rossi, o maestro da seleção argentina, chamou o lateral do River e aconselhou: “Quer melhorar teu futebol? Então faz o seguinte: aquele ali é o Nilton Santos, beque esquerdo como você. Vai lá perto, disfarça e passa a mão na perna dele. Só isso. Passa a mão que naqueles pés está o futebol de todos os beques do mundo".
      Pés que jamais deram um bico na bola; reflexos que jamais foram traídos pelos efeitos de uma bola; atleta de equilíbrio assombroso, que jamais caiu no campo, a não ser derrubado. Nílton Santos, craque extraordinário que encarnou a prefiguração de toda a evolução tática do futebol moderno. Craque que viveu no campo duas faces de uma equipe, porque sendo zagueiro sempre teve alma e audácia de atacante. Nasceu com o talento de fazer gols e acabou glorificado pela arte de evitá-los.
     Nilton Santos nasceu em 16 de maio de 1925 na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Exemplo maior de identificação com um clube no futebol brasileiro, vestiu a camisa do Botafogo por mais de dezesseis anos. Treinou pela primeira vez como atacante e foi mandado para a defesa pelo lendário dirigente Carlito Rocha. Tornou-se o maior lateral-esquerdo da história do futebol e em 1998, foi eleito para a seleção do século por jornalistas do mundo inteiro. Nilton Santos jogou 729 partidas e marcou onze gols com a camisa alvinegra. Estreou no Glorioso em 21 de março de 1948, na derrota de 2 a 1 para o América-MG e encerrou a carreira em 16 de dezembro de 1964, na vitória de 1 a 0 sobre o Bahia. Foi Campeão Carioca em 1948, 1957, 1961 e 1962 e Campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1962 e em 1964. Na seleção brasileira jogou 82 partidas e assinalou três gols. Estreou no dia 17 de abril de 1949, na vitória de 5 a 0 sobre a Colômbia e despediu-se na final da Copa de 1962, no Chile, na vitória de 3 a 1 do Brasil sobre a Tchecoslováquia.