sábado, 10 de julho de 2010

A CRÔNICA ESPORTIVA E SEUS BRUNOS


     Em uma coletiva no mês de março, o goleiro Bruno confirmou que estava com o Adriano na confusão entre o centroavante e a sua noiva, Joana Machado. Disse que o acontecido “era algo corriqueiro na vida de um casal”. E acrescentou: “Qual de vocês (jornalista) que é casado que nunca brigou com a mulher? Que não discutiu, que não até saiu na mão com a mulher, né cara? Não tem jeito. Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher, xará. Então eu acho que isso é problema pessoal do cara. E ele é o Imperador e por isso que repercute muito, mas ele é um cara que tem sentimentos e é normal se abater um pouco”.
     Muito se falou a respeito dessa frase, mas muito pouco nos principais jornais e programas esportivos do país. Nesse canto midiático, tal declaração faz parte da “cultura futebolística”.
     Entre a dita “crônica esportiva” há uma certa condecendência a todos os preconceitos: machismo, homofobia, racismo etc. Em nome de um “jeito boleiro de ser”, muitos jornalistas acabam assumindo discuros quase fascistas. Não é incomum, por exemplo, a defesa da violência policial contra torcedores indefesos. Em nome de uma suposta ordem.
     Bruno pode não ter matado sua ex-namorada. Quem deve dar respostas a isso é a polícia, não este blogue. Mas já há jornalistas esportivos dizendo que ela “também não era uma santa”.
     A questão é que só a declaração que Bruno deu em relação a ex-namorada de Adriano já era motivo para condenação da imprensa. E para uma punição da diretoria do seu clube, que poderia ter servido de exemplo.
     Mas nada disso aconteceu. E ao que tudo indica, Bruno não aprendeu nada com o episódio.
     O futebol brasileiro pode ser muito melhor do que é. Nesse caso, não exatamente no aspecto esportivo. Pode incorporar valores de respeito aos direitos humanos, tão necessários e importantes na construção de uma sociedade mais democrática.
     E a verdade doída é que se ainda está muito atrasado em relação a isso, a culpa não é só dos jogadores nem dos cartolas. O comportamento da dita crônica esportiva tem muito a ver com isso.

Fonte: muitasbocasnotrombone2.blogspot.com