História das Copas do Mundo FIFA


COPA DO MUNDO DE 2014 - BRASIL


COPA DO MUNDO DE 2010 - ÁFRICA DO SUL
ESPANHA - CAMPEÃ
     A Copa do Mundo é da Espanha. O dia 11 de julho de 2010 eternizou um novo campeão. Um merecido campeão. Depois de 64 jogos, 145 gols e um mês de bola rolando na África do Sul, a Espanha deixou todos para trás e fez história. Pode finalmente se gabar: é a melhor do mundo.
     Neste domingo, a vitoriosa geração de Xavi, Casillas e Puyol colocou a Fúria na restrita galeria de campeões da Copa. Mas o passo final foi duro, suado. Os espanhóis sofreram com a violência e com a retranca da Holanda. Precisaram da prorrogação para vencer por 1 a 0 em um Soccer City abarrotado e diante dos olhos de Nelson Mandela, lenda viva da África do Sul.
     O gol heroico foi de Iniesta, aos 11min do segundo tempo da prorrogação. O camisa 6 da Espanha levou todos à loucura quando recebeu o passe de Fábregas. Ele já tinha perdido uma chance e mostrado relutância em chutar. Mas no lance decisivo, não pensou duas vezes. Livre, dominou na área e fuzilou para o gol.
     Como fez em todos seus jogos no mata-mata, a Espanha venceu “só” por 1 a 0. Mas esse gol não será esquecido tão cedo pelos espanhóis. Nem pelos holandeses. No final, os dois times caíram em lágrimas, mas só um pôde festejar.
    O principal evento esportivo do planeta começou em marcha lenta, mas terminou acelerado. A Espanha acompanhou o ritmo. Perdeu para a Suíça na estreia e depois se achou. Passou por Honduras, Chile, Portugal, Paraguai, Alemanha e Holanda até chegar ao topo do futebol mundial. E no jogo mais importante de sua história fez o que um campeão precisa fazer: se impôs e impôs seu futebol.
     Mas para isso a Espanha apanhou. E não foi pouco. Os holandeses miraram mais os adversários que a bola nas divididas. Xabi Alonso tomou um chute no peito de De Jong. Sneijder acertou o joelho de Pedro. Van Persie e Van Bommel também exageraram. Com os dois times marcando a saída de bola, ficou claro no primeiro tempo o estilo de cada um.
     A Holanda recorreu aos chutões para frente. A Espanha tentou sair jogando, mas encontrou dificuldades diante da retranca laranja. A Holanda chegou a ter os 11 jogadores atrás da intermediária defensiva. A Espanha chegou a ter 63% de posse de bola e sempre esteve à frente nesse quesito.
     Durante os 90 minutos do tempo normal e nos 30 da prorrogação, a Holanda teve medo de atacar. A seleção que já foi representada pelas gerações de Cruyff e Van Basten viu, neste domingo, uma maioria de brucutus. Os holandeses tomaram sete amarelos, um vermelho (após dois amarelos de Heitinga) e contribuíram para a final de Copa com maior número de cartões.
     Já a fama da Espanha de amarelar em momentos decisivos ficou no passado. O presente da Fúria é vitorioso. Em 2008, a equipe faturou a Eurocopa. Depois se classificou com 100% de aproveitamento nas eliminatórias. Mas faltava algo. Faltava a Copa do Mundo. Não falta mais. O amarelo da gozação deu lugar ao vermelho da “La Roja”.
    A Espanha conquistou seu título mais importante sem ter um craque. A equipe de Vicente Del Bosque não possui um fora de série, alguém que faça a diferença. O diferencial espanhol é o todo, o coletivo. As trocas de passes são velozes e parecem automáticas. O resultado é um futebol que envolve o adversário. Lances espetaculares são raros nesse time, mas o controle da partida é frequente.
     A Espanha se tornou o oitavo país campeão do mundo e o sexto a passar pela prorrogação na final. E conseguiu o feito mais almejado por todas as seleções do planeta em uma Copa do Mundo histórica, a primeira em continente africano. Todos tiveram que se render ao talento da Espanha. Até o polvo Paul se rendeu. A Holanda não mereceu o título pela postura que teve na final. Conformou-se em ver a festa espanhola. 2010 é o ano da Roja, não da Laranja.

COPA DO MUNDO DE 2006 - ALEMANHA
ITÁLIA - CAMPEÃ
     Doze anos depois de perder o tri para o Brasil, a Itália foi tri em 1982. Doze anos depois de perder o tetra também para o Brasil nos pênaltis, a Itália sagrou-se quatro vezes campeã mundial ao conquistar a Copa de 2006. Num jogo disputadíssimo e tenso, a Azurra venceu a França por 5 a 3 nos pênaltis, depois de 1 a 1 no tempo normal e nenhum gol na prorrogação.
     Os italianos conseguiram provocar um fim de carreira melancólico para Zidedine Zidane, expulso na prorrogação por agredir o zagueiro Marco Materazzi com uma cabeçada no peito. De herói francês, o meia virou vilão em sua despedida do futebol aos 34 anos. Deixou o gramado debaixo de uma vaia estrondosa.
     A Itália isolou-se como segunda maior vencedora da história com quatro conquistas (1934, 1938, 1982 e 2006), atrás apenas dos cinco títulos brasileiros. A partida entre Itália e França foi a primeira final a ir para a prorrogação desde 1994, que também contou com a Azurra (empatou em 0 a 0 com o Brasil em 120 minutos e perdeu nos pênaltis). No total, os italianos disputaram seis finais de Copa – em três delas houve tempo extra. E participou das duas únicas finais com decisão nas penalidades.
     Foi também a primeira vitória da Itália em uma decisão por pênaltis de Copa do Mundo. A seleção havia perdido para a Argentina na semifinal de 1990, para o Brasil na final de 1994 e para a mesma França nas quartas de final de 1998.
     Como em seu triunfo anterior há 24 anos, a Itália sagrou-se campeã mundial na sequência de um escândalo em seu futebol. Em 1982, a seleção ainda se via influenciada pelo caso do ‘Totonero’, que estourou em 1980. Jogadores e dirigentes estavam envolvidos em esquemas de resultados arranjados para partidas da loteria. O Milan foi rebaixado para a Série B. E o atacante Paolo Rossi foi acusado e cumpriu dois anos de suspensão, voltando a jogar pouco antes do Mundial, no qual foi herói, artilheiro e campeão, limpando seu nome.
     Em 2006, nenhum jogador estava diretamente envolvido em novo escândalo (embora o goleiro Gianluigi Buffon tenha sido apontado pelas investigações como um dos suspeitos). O caso, revelado semanas antes do Mundial, envolvia um gigantesco esquema para manipulação e corrupção de árbitros no futebol italiano. A Juventus, equipe de Buffon e centro do escândalo, acabou rebaixada para a segunda divisão e teve cassados dois títulos do futebol italiano – das temporadas 2004/2005 e 2005/2006 – pelo Tribunal Disciplinar da Federação Italiana de Futebol.
     Dentro de campo, a Itália levou alguns sustos. Na primeira fase, empatou com os Estados Unidos e venceu Gana e República Tcheca sem convencer. Nas oitavas de final, sofreu para eliminar a Austrália com um polêmico gol de pênalti nos acréscimos.
    A partir daí, a seleção italiana deslanchou. A Azzurra passou fácil pela Ucrânia, com um 3 a 0. Na semifinal, venceu com mérito a Alemanha, dona da casa, por 2 a 0, com os dois gols marcados na prorrogação. E, na grande decisão, superou a França e o medo dos pênaltis para entrar para a história como tetracampeã mundial.

COPA DO MUNDO DE 2002 - COREIA/JAPÃO
BRASIL - CAMPEÃ
     Depois de quatro anos conturbados, em que perdeu a hegemonia do futebol mundial para a França e colecionou vexames - o maior deles a derrota para Honduras na Copa América -, a seleção brasileira se recuperou em grande estilo na Copa do Mundo de 2002. Desacreditada por torcedores e críticos, a equipe comandada por Luiz Felipe Scolari deu a volta por cima e conquistou o pentacampeonato para o Brasil, com direito a recordes e feitos marcantes.
    A seleção levou o caneco com a melhor campanha de todos os tempos, encerrando o torneio com sete vitórias em sete jogos disputados. Outras três seleções, entre elas o Brasil de 1970, já haviam sido campeãs com 100% de aproveitamento, mas nenhuma delas entrou tantas vezes em campo para chegar à conquista.
    Dono de um ataque letal (18 gols), comandado por alguns dos melhores jogadores do mundo na época - o trio de "Erres" formado por Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho -, o time brasileiro construiu aos poucos uma sólida defesa, que sofreu apenas quatro gols - somente um deles nos "mata-matas". Essa combinação rendeu ao Brasil o melhor saldo de gols de um campeão na história das Copas (14).
     O maior responsável por esse balanço positivo foi o atacante Ronaldo, que passara os dois anos anteriores praticamente sem jogar, recuperando-se de duas sérias contusões no joelho. Com a confiança do treinador, o Fenômeno só não marcou no duelo contra a Inglaterra e decidiu a final contra a Alemanha, anotando os dois gols da partida.
     No total, Ronaldo balançou as redes oito vezes. O último a conseguir tantos gols em uma mesma edição de Mundial havia sido o alemão Gerd Müller, autor de dez em 1970. Desde a Copa de 1974, na Argentina, nenhum jogador superava a barreira dos seis gols. Além disso, Ronaldo (que marcara quatro em 1998) se igualou a Pelé em número de gols feitos no torneio, com 12.
     Em campo, o time não chegou a ser brilhante como em ocasiões anteriores. Em pelo menos duas oportunidades, contra Turquia (na primeira fase) e Bélgica (nas oitavas), contou com uma providencial ajuda da arbitragem para vencer seus adversários. Mas mesmo nos momentos mais difíceis demonstrou segurança e tranquilidade, como ao sair perdendo o duelo contra a Inglaterra pelas quartas de final.
     Na decisão, não se intimidou diante da poderosa Alemanha, recordista de participações em finais ao lado do Brasil (sete cada). No primeiro encontro entre os dois países de melhor retrospecto histórico na competição, a qualidade técnica dos brasileiros fez a diferença. Em dois lances de Ronaldo e Rivaldo, a seleção fez 2 a 0 e garantiu o penta.

COPA DO MUNDO DE 1998 - FRANÇA
    
FRANÇA - CAMPEÃ
      Exatos 20 anos depois da conquista argentina, em 1978, a Copa do Mundo voltou a ser vencida por uma seleção que jamais havia sido campeã. Outra coincidência: a mesma Argentina havia sido a última seleção a vencer um Mundial jogando em sua própria casa.

     Voltando a participar depois de duas ausências consecutivas - não passou pelas eliminatórias para 1990 e 1994 -, a França fez uma preparação minuciosa para não decepcionar a torcida e finalmente deixou de ser a seleção do "quase".
     Em suas três melhores participações até então, os franceses haviam sido eliminados nas semifinais. Em 1958, perdeu por 5 a 2 para o Brasil, que foi o campeão. Com Michel Platini, caiu duas vezes diante da Alemanha Ocidental, em 1982 e 1986.
     Eleito o melhor jogador do torneio, Zinedine Zidane foi o retrato do time campeão mundial. De origem argelina, personificou o futebol sóbrio e de alta qualidade técnica praticado pela equipe da casa. Além dele, outros 12 jogadores da seleção campeã eram de origem estrangeira ou nascidos no exterior.
     No caminho rumo ao título, a França derrubou três técnicos brasileiros. O primeiro a cair foi Carlos Alberto Parreira, da Arábia Saudita, goleado por 4 a 0, na primeira fase. Os franceses ainda passaram com facilidade pela África do Sul e pela Dinamarca na fase inicial.
     Em seguida, os franceses derrotaram na prorrogação - com "gol de ouro" do zagueiro Blanc -, o time de Paulo César Carpegiani, então treinador do Paraguai, em partida emocionante válida pelas oitavas de final.
    Sufoco mesmo a França passou nas quartas de final, quando eliminou a Itália nos pênaltis. Nas semifinais, os donos da casa saíram atrás da surpreendente Croácia, mas viraram a partida com dois gols do lateral-direito Liliam Thuram.
     Na grande decisão, nem mesmo a tradição brasileira assustou os franceses, que superaram a "estrela" de Mario Jorge Lobo Zagallo, o único homem a conquistar quatro títulos mundiais. Os gritos de "Allez, les bleus!" empurraram os comandados de Aimé Jacquet para a vitória mais importante da história do futebol francês. Um placar de 3 a 0 incontestável sobre o Brasil, com dois gols do carrasco Zidane e um de Petit.

COPA DO MUNDO DE 1994 - ESTADOS UNIDOS
BRASIL - CAMPEÃ
     Mesmo sem o brilho de outras equipes, a seleção brasileira soube impor seu jogo e superar as adversidades. Com um esquema tático preparado para proteger a defesa, o Brasil foi o time que menos gols sofreu durante a Copa - foram três, um contra a Suécia, na primeira fase, e dois contra a Holanda, nas quartas de final.
     Mérito do treinador Carlos Alberto Parreira, que não sucumbiu às críticas e manteve a sua filosofia de jogo. Muito bem orientados e adaptados ao esquema, o meia defensivo Mauro Silva e o zagueiro Márcio Santos se destacaram na competição, garantindo a solidez da zaga brasileira.
   Outro meia defensivo, o capitão Dunga, calou os críticos, liderou o time dentro do campo com muita garra e, como recompensa, ergueu a taça. De jogador símbolo de um futebol feio e perdedor, passou a capitão do tetracampeonato, figura incontestável no meio-campo da seleção brasileira.
     Quem também calou os críticos foi o lateral-esquerdo Branco. Veterano, ele entrou no time no lugar de Leonardo, suspenso do Mundial depois de ter dado uma cotovelada em Tab Ramos, durante jogo contra os Estados Unidos. E foi justamente em uma magistral cobraça de falta de Branco que o Brasil venceu o seu jogo mais difícil na campanha do tetracampeonato, contra a Holanda, nas quartas de final.
   No ataque, a pouca criatividade do meio-campo foi compensada pela genialidade do atacante Romário. Ele personificou a força ofensiva do futebol brasileiro. O Baixinho fez cinco gols no Mundial, entre eles um de cabeça no meio da gigante defesa sueca nas semifinais do torneio.
     Quando não marcou, Romário contou com a ajuda do parceiro Bebeto, que apareceu em momentos decisivos, como na difícil vitória sobre os Estados Unidos, nas oitavas de final.
   Pouco exigido durante todo o Mundial, o goleiro Taffarel mostrou competência e sorte de campeão quando o Brasil precisou dele. Defendeu a cobrança de Massaro e viu Baresi e Baggio chutarem por cima na decisão por pênaltis contra a Itália.
     Combinando organização e talento e mesclando disciplina tática à arte de Romário, a seleção brasileira acabou com a agonia da torcida, que já durava 24 anos. Conquistou seu primeiro título mundial sem Pelé e recuperou o prestígio da camisa verde e amarela.

COPA DO MUNDO DE 1990 - ITÁLIA
ALEMANHA - CAMPEÃ
    Depois de dois vice-campeonatos consecutivos, a Alemanha Ocidental finalmente pôde comemorar, na Itália, em 1990, o seu terceiro título mundial. E a conquista veio em um momento histórico importante: o muro de Berlim caíra um ano antes, dando início ao processo de reunificação do país - foi a última vez que as Alemanhas competiram separadas no futebol.
     Com uma defesa sólida e a criatividade ofensiva garantida pela boa fase de Lothar Matthäus, a seleção alemã se vingou de seus algozes nas duas Copas anteriores. Venceu na final a Argentina, que lhe havia tomado o título quatro anos antes. De quebra, levantou a taça na casa dos italianos, vitoriosos na decisão de 1982.
     Nas eliminatórias, a Alemanha Ocidental não teve moleza. Em um grupo com Holanda, Finlândia e País de Gales, ficou em segundo lugar, atrás dos holandeses, então atuais campeões europeus. Mas o sorteio dos grupos foi generoso com os alemães, que ficaram ao lado de Iugoslávia, Colômbia e Emirados Árabes no Grupo D.
     Bastaram duas rodadas para eles mostrarem que vinham para brigar pelo título novamente - 4 a 1 na Iugoslávia e 5 a 1 nos Emirados Árabes, com destaque para os atacantes Klinsmann e Voeller. Com lugar assegurado nas oitavas de final, a seleção alemã diminuiu o ritmo e ficou no empate em 1 a 1 com a equipe da Colômbia.
    A boa campanha não livrou a Alemanha de um confronto indigesto nas oitavas de final: a Holanda, de Gullit e Van Basten. Os alemães saíram na frente e seguraram a vitória por 2 a 1, com gols de Klinsmann e Brehme. Na sequência, vitória por 1 a 0 sobre a Tchecoslováquia, com um gol de Matthäus.
    Já na semifinal, os alemães toparam com a arquirrival Inglaterra. Em partida bastante equilibrada, Brehme abriu o placar aos 14min do primeiro tempo, mas Lineker empatou ainda antes do intervalo. O placar seguiu empatado, e a vaga foi decidida os pênaltis. Os alemães foram mais precisos e venceram por 4 a 3.
     Na decisão, a Alemanha não deu chances à Argentina, desfalcada de alguns jogadores suspensos, como o atacante Caniggia. Com uma forte marcação sobre Maradona, os alemães foram melhores, mas esbarraram na boa defesa argentina e no goleiro Goycoechea.
     O gol do título só veio aos 39min do segundo tempo, após Sensini cometer pênalti em Voeller. Coube a Brehme, um dos melhores jogadores de toda a Copa, fazer a cobrança e colocar a Alemanha no seleto grupo dos tricampeões mundiais.

COPA DO MUNDO DE 1986 - MÉXICO
ARGENTINA - CAMPEÃ
     Comandada pelo craque Diego Maradona, a Argentina conquistou o título da Copa do Mundo de 1986 com uma campanha impecável. Após sete jogos disputados, a seleção sul-americana somou seis vitórias e um empate, com 14 gols marcados e apenas cinco sofridos.
     Na estreia, os argentinos bateram a Coreia do Sul por 3 a 1, com dois gols de Valdano e um de Ruggeri. Na segunda rodada, empataram em 1 a 1 com a temida Itália, gol de Maradona, que começava a brilhar. Diante da Bulgária, uma vitória tranquila por 2 a 0, gols de Valdano e Burruchaga, garantiu a classificação da Argentina em primeiro lugar do grupo.
     A boa campanha na primeira fase não livrou os argentinos de uma pedreira nas oitavas de final: um clássico contra Uruguai. Em jogo duro, a seleção argentina impôs sua melhor qualidade técnica e venceu por 1 a 0, gol de Pasculli.
     Na sequência, outro campeão mundial atravessou o caminho da Argentina. A partida foi contra a Inglaterra, apimentada pela recente rivalidade que a Guerra das Malvinas criou entre os dois países. O jogo se tranformou em um espetáculo protagonizado por Diego Maradona.
     Aos 6min do segundo tempo, o camisa 10 foi lançado na área, ganhou dos zagueiros na velocidade e dividiu com o goleiro Shilton. Malandro, desviou a bola com a mão e abriu o placar para a Argentina. Para azar da Inglaterra, o árbitro não viu a infração. Após o jogo, o argentino disse que marcou com "a mão de Deus".
     Quatro minutos depois, o craque pegou a bola no meio do campo e saiu driblando. Passou por toda a defesa inglesa, driblou também o goleiro inglês e tocou para as redes, marcando um dos gols mais belos da história do futebol. Lineker ainda diminuiu no final, mas a Inglaterra não teve forças para reagir.
     A semifinal contra a Bélgica foi mais tranquila, vitória por 2 a 0, com mais dois belos gols de Maradona. A final contra a Alemanha não poderia ser diferente: um grande jogo, com muita emoção. A Argentina dominou o primeiro tempo e saiu na frente, com gol de Brown, aos 22min. Na segunda etapa, logo aos 11min, Valdano ampliou para 2 a 0.
    Quando a seleção alemã parecia entregue, aos 28min, Rummenigge diminuiu e deu novo ânimo ao time. Nove minutos mais tarde, Voeller empatou e renovou as esperanças da Alemanha.
   Muito marcado, Maradona teve poucas chances no ataque. No entanto, bastou um descuido da marcação alemã para o craque decidir a Copa. Aos 38min, O camisa 10 fez um belo lançamento que encontrou Burruchaga livre para marcar o gol do merecido título mundial, o segundo da Argentina.

COPA DO MUNDO DE 1982 - ESPANHA
ITÁLIA - CAMPEÃ
     Com uma defesa muito segura, um time bastante experiente e um Paolo Rossi inspirado nos três jogos decisivos do Mundial, a Itália conseguiu em 1982 ao menos três proezas: a primeira, voltar a ganhar uma Copa após 44 anos.
     A segunda, igualar-se à seleção brasileira, até então a única tricampeã. A terceira - talvez a mais importante e difícil -, superar um enorme número de problemas durante a preparação e a própria competição no caminho rumo ao título.
     A Itália foi à Copa da Espanha bastante desacreditada. Não era para menos. O time havia colhido resultados pífios nos jogos de preparação. A principal estrela e artilheiro do time, o atacante Bettega, contundido, não tinha condições de disputar nenhuma partida. Para o seu lugar, Paolo Rossi, eterna promessa que acabara de voltar de uma suspensão de dois anos, foi convocado.
     O futebol apresentado e os resultados da Itália na primeira fase do Mundial não ajudaram em nada a melhorar o ambiente. Em três jogos, três empates (contra Polônia, Peru e Camarões) e apenas dois gols marcados. A classificação à segunda fase veio apenas no número de gols marcados.
    Na segunda fase, a Itália entrou como o 'azarão' em um grupo que tinha ainda Brasil (o destaque da Copa) e Argentina (então a atual campeã). Mas, logo no primeiro jogo, os italianos bateram os argentinos: 2 a 1.
    Contra o Brasil, a Azurra precisava da vitória para ir às semifinais. E conseguiu. Paolo Rossi desencantou, marcando três gols. A defesa, baseada no ótimo líbero Scirea e nos esforçados Cabrini e Gentile, funcionou bem - como aconteceu em todo o Mundial. E, quando falhou, havia no gol Dino Zoff, ainda seguro e ágil aos 40 anos.
     A vitória sobre os brasileiros parece ter dado ânimo extra aos italianos. Na semifinal, a equipe comandada pelo técnico Enzo Bearzot superou a Polônia, por 2 a 0, graças a mais dois gols de Rossi.
     Na decisão contra a Alemanha, o primeiro tempo foi estudado e carente de emoções. Os alemães atacavam mais, mas a defesa italiana não cedia. E foi a Itália quem protagonizou o lance mais importante do primeiro tempo. Aos 24min, Cabrini bateu um pênalti para fora.
    Na segunda etapa, a seleção italiana voltou mais ofensiva. E, aos 11min, brilhou, mais uma vez, a estrela de Paolo Rossi. O atacante marcou, de cabeça, o primeiro gol, abrindo caminho para a vitória italiana por 3 a 1. Mais de quatro décadas depois do bicampeonato, a Itália levava a Copa para casa pela terceira vez.

COPA DO MUNDO DE 1978 - ARGENTINA
ARGENTINA - CAMPEÃ
    A suspeita de que a Copa havia sido arranjada para que a equipe anfitriã fosse a vencedora marcou para sempre o Mundial de 1978, na Argentina. A ditadura militar do general Jorge Videla via no evento uma chance de "compensar" a forte repressão imposta aos cidadãos. Para que o plano funcionasse, porém, a vitória argentina era essencial. E, em campo, as dúvidas foram grandes.
     Os favoritos para vencer a competição eram a Alemanha Ocidental (campeã em 1974), Holanda (vice) e o Brasil, além dos próprios donos da casa. A primeira fase transcorreu quase sem problemas, mas, em campo, nenhuma dessas equipes apresentou um grande futebol.
     A Argentina não tinha um 'supertime' ou um jogador excepcional como Diego Maradona - que já se destacava, mas não foi convocado pelo técnico César Luís Menotti por ser "jovem demais" (17 anos). Mas contava com bons atletas como o goleiro Ubaldo Fillol, o capitão Daniel Passarella, o meia Osvaldo Ardiles e o artilheiro Mario Kempes.
     Apesar disso, a seleção da casa não começou tão bem assim. Após vencer Hungria e França pelo mesmo placar (2 a 1), a Argentina perdeu sua invencibilidade diante da Itália, por 1 a 0, na terceira rodada. Com isso, caiu no mesmo grupo do Brasil na fase semifinal, ao lado ainda de Peru e Polônia.
     Apenas uma equipe iria para a decisão, e os rivais sul-americanos chegaram à última rodada empatados. Estranhamente, o jogo do Brasil começou antes. A seleção fez 3 a 1 na Polônia, resultado que obrigava os anfitriões a vencer o Peru por quatro ou mais gols de diferença. Em jogo cercado de suspeitas, a Argentina massacrou por 6 a 0. O goleiro peruano Quiroga, nascido na Argentina, foi acusado de facilitar a vida dos adversários pelos próprios companheiros.
     Os argentinos classificaram-se assim para a segunda final de sua história - perderam a primeira para o Uruguai em 1930. A rival era a Holanda, que enfrentaria os donos da casa na decisão da Copa pela segunda vez seguida - havia sido derrotada pela Alemanha Ocidental quatro anos antes.
Aos 38min, Leopoldo Luque fez boa jogada e tocou para Kempes abrir o placar para os sul-americanos. Os holandeses voltaram melhor no segundo tempo. Comandados por Rene van der Kerkhof, levavam perigo ao gol, mas esbarravam em Fillol. A pressão continuou até os 37min, quando Nanninga, reserva, cabeceou com precisão.
     Aos 44min, Resenbrink acertou o travessão dos argentinos e calou o estádio Monumental. A bola, caprichosamente, não entrou. Na prorrogação, valeu a "catimba" da Argentina, que soube aproveitar o tempo de bola e a força da torcida. Aos 15min do primeiro tempo, Kempes colocou o time da casa em vantagem e ainda se isolou na artilharia do torneio. A quatro minutos do final da prorrogação, Bertoni fez mais um e garantiu o título argentino.

COPA DO MUNDO DE 1974 - ALEMANHA
ALEMANHA - CAMPEÃ
     A Copa de 1974 ficou marcada por mostrar ao mundo uma das melhores equipes de todos os tempos: a "Laranja Mecânica" holandesa. Com um futebol dinâmico e participativo, a equipe do craque Johan Cruyff encantou, mas não conseguiu superar a força física e obediência tática da Alemanha Ocidental.
O resultado, entretanto, não pode ser considerado uma surpresa. Afinal, os alemães jogavam em casa e vinham de um ótimo retrospecto: vice-campeões em 1966 e terceiros colocados em 1970. Além disso, a equipe possuía um bom elenco: o goleiro Sepp Maier, o capitão Franz Beckenbauer na zaga, o hábil Overath no meio, e o artilheiro Gerd Müller na frente.
     A Alemanha Ocidental, porém, realizou duas Copas 'distintas'. Na primeira fase, os donos da casa ainda não haviam se encontrado, e o futebol apresentado era apenas regular. Assim, penou para bater o Chile na estreia (1 a 0), foi bem diante da fraca Austrália (3 a 0), mas acabou derrotada pela Alemanha Oriental (1 a 0).
     Entrou em cena então o trabalho do treinador Helmut Schon. Ele reuniu o elenco e teve uma conversa franca e forte com os jogadores. A bronca surtiu efeito: 2 a 0 sobre a Iugoslávia, 4 a 2 na Suécia e um difícil 1 a 0 sobre a outra grande equipe do grupo, a Polônia.
     A final contra a Holanda foi emocionante. Com apenas dois minutos de jogo, o árbitro marcou um pênalti a favor dos visitantes. Neeskens converteu e colocou os holandeses em vantagem. Os alemães não se abateram e empataram também de pênalti: Breitner, aos 25min. A seleção holandesa reclamou muito da arbitragem do inglês John Taylor, que teria caído na encenação do alemão Hölzenbein.
     A dois minutos do final do primeiro tempo, brilhou a estrela do artilheiro Müller, que dividia a artilharia das Copas com francês Just Fontaine. Müller recebeu a bola dentro da área holandesa, virou com perfeição e colocou os alemães em vantagem. O gol fez dele o maior artilheiro da história do torneio até então, com 14 gols.
    No segundo tempo, o forte ataque holandês pressionou bastante os anfitriões, mas não conseguiu ultrapassar a "muralha" formada por Maier e pelos defensores, com Vogts e Beckenbauer à frente. Assim, com um time capaz de reverter um gol tomado logo nos primeiros minutos de jogo e forte o suficiente para resistir por uma etapa inteira ao poderoso ataque holandês, a Alemanha quebrou um jejum de 20 anos e voltou a ser campeã mundial.

COPA DO MUNDO DE 1970 - MÉXICO
BRASIL - CAMPEÃ
     A marchinha "a taça do mundo é nossa, com brasileiro não há quem possa..." poucas vezes fez tanto sentido como em 1970. A equipe não era perfeita, mas parecia. Não só pelos belíssimos gols marcados no torneio (e foram 19 em seis jogos), mas também pelas vitórias elásticas, principalmente nos jogos finais do campeonato no México.
    A seleção brasileira era uma verdadeira máquina. Contava com craques como Rivellino, Tostão, Gérson, Clodoaldo, Carlos Alberto e Jairzinho, além do maior de todos: Pelé. Já nas eliminatórias, o time dava mostras de sua genialidade - ganhou todos os seis jogos, marcando 23 gols e sofrendo apenas dois.
   Nem mesmo a troca de técnico (por pressão da ditadura militar, João Saldanha foi substituído por Zagallo depois que a equipe obteve a classificação) atrapalhou o bom momento da seleção, que continuou arrasadora na primeira fase da Copa do Mundo: vitórias sobre Tchecoslováquia (4 a 1), Inglaterra (1 a 0) e Romênia (3 a 2).
    O duelo contra os ingleses, então atuais campeões mundiais, foi um dos momentos mais marcantes do torneio. O jogo estava 0 a 0 e muito equilibrado quando Pelé acertou uma cabeçada letal no canto direito. Quando os brasileiros já comemoravam, o goleiro Gordon Banks fez aquela que ficou conhecida como a "maior defesa de todos os tempos".
O massacre brasileiro continuou na fase de "mata-mata". Nas quartas de final, os peruanos - comandados pelo brasileiro Didi - foram as vítimas, goleados por 4 a 2.
     Na semifinal, o Brasil bateu o Uruguai por 3 a 1 e vingou a derrota na final de 1950. Mas o jogo ficou conhecido pelo gol que Pelé não marcou. Sem tocar na bola, ele deu um drible de corpo no goleiro Mazurkiewicz e tocou para o gol vazio. Caprichosamente, a bola passou a poucos centímetros da trave direita.
     A final contra a Itália, que valia a posse definitiva da taça Jules Rimet, teve dois tempos distintos. O primeiro terminou empatado, com Pelé abrindo o placar de cabeça e Boninsegna empatando para os italianos. No segundo, porém, o Brasil sobrou em campo e, com gols de Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto, selou a goleada por 4 a 1.
     Pela primeira vez na história, o Brasil foi campeão vencendo todos os seus jogos - foram seis vitórias em seis jogos, 19 gols a favor e sete contra -, uma campanha irretocável que culminou com a conquista do tri.

COPA DO MUNDO DE 1966 - INGLATERRA
INGLATERRA - CAMPEÃ
     Em 1966, a Inglaterra já havia perdido grande parte do prestígio por ter sido a "inventora" do futebol. Também não era um celeiro de craques como Brasil e Argentina. Mas possuía uma boa seleção: um goleiro seguro (Gordon Banks), um zagueiro de classe (Bobby Moore), um meia de qualidade (Bobby Charlton) e um atacante bastante oportunista (Geoffrey Hurst).
   Graças ao apoio da torcida e à "simpatia" das arbitagens, entrou na Copa como uma das favoritas ao título. Mesmo assim, o time patinou na primeira fase. A estreia aconteceu no dia 11 de julho, em Wembley, contra o Uruguai. Mais de 87 mil pessoas viram um jogo truncado, que acabou sem gols.
O English Team continuou apresentando um futebol pragmático, previsível e com pouca inspiração nas duas partidas seguintes. Sem convencer, obteve duas vitórias por 2 a 0, sobre México e França, garantindo a classificação em primeiro lugar no grupo 1.
    Os árbitros começaram a beneficiar os anfitriões a partir das quartas de final. Em um duelo conturbado com a Argentina, a Inglaterra abusou do jogo violento contra os habilidosos sul-americanos. Irritado, Rattin tentou reclamar com o árbitro alemão Rudolf Kreitlein, que não entendeu nada e ainda expulsou o argentino. Com um jogador a mais, os ingleses alcançaram a vitória por 1 a 0, graças a gol de Hurst no segundo tempo.
     Sensação da Copa, Portugal, que havia eliminado o bicampeão Brasil na primeira fase, foi o adversário da semifinal. Bem marcado, o craque Eusébio não mostrou o mesmo brilho de partidas anteriores e, apesar do gol de pênalti nos minutos finais, não conseguiu evitar a derrota por 2 a 1 - os dois gols ingleses foram de Bobby Charlton.
     Ambas adeptas do "futebol força", que começava a sobrepujar a técnica, Inglaterra e Alemanha Ocidental fizeram uma final emocionante. No primeiro tempo, Haller colocou os alemães em vantagem, mas Hurst empatou pouco depois. No segundo tempo, Peters deu a vantagem aos ingleses aos 33min. Quando 95 mil pessoas já comemoravam, Weber empatou, no último minuto.
Aos 11min da prorrogação, aconteceu um dos lances mais polêmicos da história dos Mundiais: o atacante inglês Hurst dominou uma bola levantada na área e chutou. A bola bateu no travessão, caiu sobre a linha e voltou. Para desespero dos alemães, o árbitro suíço Gottfried Dienst confirmou o gol inexistente.
     No último minuto de jogo, Hurst partiu no contra-ataque e, mesmo com a invasão de três torcedores, marcou o quarto gol inglês, fechando o placar em 4 a 2. Mesmo percebendo a irregularidade, o árbitro nada marcou e validou a jogada, manchando ainda mais a conquista dos donos da casa.

COPA DO MUNDO DE 1962 - CHILE
BRASIL - CAMPEÃ
     Com a contusão de Pelé no segundo jogo da primeira fase, o Brasil dependeu de outro craque para levantar pela segunda vez o troféu de campeão mundial: Mané Garrincha. Com dribles desconcertantes, irreverência, cruzamentos precisos e chutes poderosos, o "gênio das pernas tortas" encantou os chilenos e foi considerado o melhor jogador do torneio.
     Apesar de contar com uma verdadeira legião de craques, a seleção brasileira não fugiu à regra da primeira fase da Copa: o equilíbrio - nenhuma equipe conseguiu obter 100% de aproveitamento. Ainda com Pelé em campo, o Brasil estreou com uma vitória magra (2 a 0) sobre a modesta equipe do México.
    Em seguida, empatou sem gols com a Tchecoslováquia no jogo em que perdeu seu principal jogador - aos 28min do primeiro tempo, Pelé arriscou um chute de fora da área, deu um grito e foi ao chão. Um estiramento o tirou do resto da competição. O trono estava vago.
    A terceira partida foi uma das mais nervosas e difíceis para os campeões. Precisando ao menos de um empate para seguir na Copa, a seleção brasileira saiu atrás da Espanha e só alcançou a virada graças a duas "mãozinhas" do árbitro chileno Sergio Bustamante.
     Primeiro, ele não marcou pênalti claro de Nílton Santos em Collar - esperto, o lateral deu um passo para fora da área após cometer a falta e enganou o juiz. Na sequência do lance, Peiró acertou uma bela bicicleta. Mas Bustamante anulou o que seria o segundo gol espanhol marcando jogo perigoso.
    Depois de muito tentar, o Brasil chegou ao empate aos 27min. Zagallo fez jogada de linha de fundo e cruzou para Amarildo completar. O resultado eliminava a Espanha, que se mandou para o ataque. Aproveitando os espaços que surgiram, Garrincha finalmente começou a brilhar. Ele passou por três marcadores e cruzou para Amarildo decretar a vitória por 2 a 1.
     O show de Garrincha continuou nas quartas de final, diante dos ingleses. Ele fez dois gols - o primeiro deles de cabeça, algo raro na carreira do ponta - e iniciou a jogada do outro, marcado por Vavá. A dupla funcionou de novo diante do anfitrião Chile na semifinal - dois de Garrincha, dois de Vavá e goleada por 4 a 2.
    Quando o lugar na final já estava assegurado, Garrincha perdeu a cabeça. Deu um chute no lateral Eladio Rojas, que estava caído, e foi expulso. Teoricamente, ele teria que cumprir suspensão automática e estaria fora da final. Mas o árbitro peruano Arturo Yamazaki não relatou o episódio na súmula, o bandeira uruguaio Esteban Marino "sumiu", e Garrincha foi absolvido por falta de provas.
     Com o Mané no time, o Brasil enfrentou a Tchecoslováquia, única equipe que não havia vencido na Copa, na decisão. Masopust inaugurou o placar para os tchecos aos 15min do primeiro tempo. Os brasileiros empataram dois minutos depois, com Amarildo. No segundo tempo, Zito e Vavá viraram o jogo e transformaram o país no terceiro bicampeão mundial de futebol da história.

COPA DO MUNDO DE 1958 - SUÉCIA
BRASIL - CAMPEÃ
     Após "calar" o Maracanã em 1950 e decepcionar na Copa seguinte, o Brasil chegou à Suécia com um elenco promissor, que mesclava craques experientes e jovens talentos. Nesse último grupo estava Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, então com 17 anos, e Garrincha, o "gênio das pernas tortas".
No gol, o time tinha a segurança de Gilmar dos Santos Neves. A defesa contava com os craques Djalma Santos e Nílton Santos, enquanto no meio-campo a categoria ficava com Didi. Mesmo assim, a seleção brasileira teve dificuldades para chegar até a semifinal.
    A equipe estreou contra a Áustria, conhecida pela solidez de sua defesa. Depois de um início equilibrado, o Brasil venceu bem por 3 a 0, gols de Mazzola (2) e Nilton Santos. Na rodada seguinte, o duelo foi contra a Inglaterra e, apesar de jogar melhor do que na primeira partida, a equipe brasileira não passou de um 0 a 0 - o primeiro na história das Copas.
Para o terceiro jogo, contra a União Soviética, o técnico Vicente Feola fez duas alterações. Recuperado de contusão, Pelé entrou no lugar de Mazzola. A outra substituição - entrada de Garrincha na vaga de Joel - só foi decidida na véspera do jogo, em um treino secreto.
    Como o doutor Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação, foi consultar a opinião dos atletas mais experientes como Bellini, Nílton Santos e Didi, surgiu a lenda de que eles teriam liderado uma "rebelião" para obrigar Feola a escalar os dois jovens craques.
     As mudanças deram certo. O Brasil deu um baile nos soviéticos e venceu "só" por 2 a 0, com dois gols de Vavá. Garrincha jogou tanto que esgotou os adjetivos da imprensa internacional - "assombro", "mercurial", entre outros. Classificado para as quartas de final, o time tinha encontrado sua formação ideal.
     A retranca de País de Gales quase conseguiu segurar o ataque brasileiro, mas uma jogada genial de Pelé dentro da área garantiu a vitória por 1 a 0 e a vaga na semifinal. A partir daí, o que se viu foi um verdadeiro show de gols e jogadas de efeito que encantaram o mundo.
   A França tinha uma das melhores equipes e o artilheiro da Copa, Just Fontaine. Mesmo assim, só conseguiu oferecer resistência nos primeiros minutos. Vavá fez 1 a 0, mas Fontaine empatou em seguida. Antes do intervalo, Didi recolocou o Brasil em vantagem. Na segunda etapa, Pelé desencantou, fez três gols e definiu a vitória (5 a 2).
    Na final contra a Suécia, dona da casa, com Vavá e Pelé inspirados, os brasileiros aplicaram uma goleada de 5 a 2. Até os torcedores suecos se renderam ao talento da seleção e aplaudiram de pé os campeões mundiais. Na cerimônia de encerramento, o capitão Bellini, a pedido da legião de fotógrafos que tentava registrar o momento, levantou o troféu para o alto, gesto que passou a ser repetido por todos os campeões.

COPA DO MUNDO DE 1954 -SUIÇA
ALEMANHA - CAMPEÃ
     A poderosa seleção húngara chegou à Suíça com fama e futebol suficientes para conquistar a Copa. Invicta desde junho de 1950, tinha o melhor elenco, no qual se destacavam Puskas, Kocsis e Czibor, além de um sistema tático moderno, que priorizava o toque de bola rápido.
    A Hungria, porém, não contava com a obediência tática da Alemanha Ocidental, que inaugurou em 1954 o estilo pragmático de jogar futebol que a transformaria em uma das seleções mais vitoriosas de todos os tempos. Jogando com o "regulamento embaixo do braço", preservou fisicamente seus jogadores e surpreendeu os favoritos na final.
     A estreia da Alemanha foi contra a Turquia, no dia 17 de junho. Os turcos abriram o placar logo aos 2min, com um gol de Suat. Os alemães empataram aos 14min, por intermédio de Schafer. No segundo tempo, a Alemanha conseguiu a vitória por 4 a 1, com gols de Klodt, Walter e Morlock.
Prevendo a dificuldade de derrotar a Hungria no segundo jogo, o técnico Sepp Herberger poupou vários titulares. A Alemanha não viu a cor da bola e levou uma humilhante goleada de 8 a 3 - com quatro gols de Kocsis -, mas a estratégia se provaria correta dias mais tarde.
     O resultado deixou os alemães empatados com os turcos na classificação do grupo. Por isso, os dois países tiveram de disputar um jogo extra para definir a vaga nas quartas-de-final. Com a equipe titular, a Alemanha goleou a Turquia outra vez, agora por 7 a 2.
     Embalado, o time de Herberger passou bem pela forte Iugoslávia, em partida bastante equilibrada, vencida com gols de Hovart (contra) e Rahn. E, em tarde inspirada de Maximilian Morlock, autor de três gols, a Alemanha arrasou a Áustria por 6 a 1 na semifinal.
    Quis o destino que alemães e húngaros se encontrassem novamente na decisão. Dessa vez, no entanto, Herberger havia preparado uma arapuca - colocou Fritz Walter para fazer marcação individual em Hidegkuti, principal organizador ofensivo do adversário, e orientou seus jogadores para avançarem em bloco nos contra-ataques.
     Confiante, a seleção húngara começou melhor a partida e logo abriu 2 a 0 no placar, gols de Puskas (4min) e Czibor (6min). Temendo outra goleada, a Alemanha reagiu rápido e empatou com Morlock (10min) e Rahn (18min). O gramado pesado - choveu bastante no dia da partida - favoreceu o melhor preparo físico do time alemão, que conseguiu segurar a pressão húngara.
     Faltando seis minutos para o fim do tempo regulamentar, aconteceu o que muitos consideravam impossível. Schafer roubou uma bola no meio-campo, escapou pela esquerda e cruzou. A defesa afastou mal, e a bola sobrou para Rahn. Ele ainda driblou Lantos antes de bater rasteiro no canto esquerdo para fazer 3 a 2.
    Desesperada, a Hungria foi para cima atrás do empate e, por muito pouco, não conseguiu. Primeiro, o goleiro Turek defendeu um chute à queima-roupa de Czibor. Depois, Puskas conseguiu marcar, mas o árbitro anulou marcando impedimento. Pela segunda vez consecutiva, o favorito caía na final da Copa.

COPA DO MUNDO DE 1950 - BRASIL
URUGUAI - CAMPEÃ
     Sem a mesma força dos tempos da "Celeste Olímpica", o Uruguai deixou Montevidéu dez dias antes do início da Copa do Mundo. Formada basicamente por jogadores de Nacional e Peñarol, a equipe chegou ao Brasil bastante desacreditada. Nem mesmo os próprios uruguaios apostavam na conquista do título.
     Dois meses antes do Mundial, o Uruguai enfrentou o Brasil três vezes pela Copa Rio Branco. A equipe celeste venceu o primeiro por 4 a 3, mas perdeu os dois seguintes por 3 a 2 e 1 a 0, respectivamente. Mas a sorte logo começou a sorrir para os primeiros campeões mundiais. No sorteio dos grupos, o Uruguai foi beneficiado e caiu na chave número quatro, ao lado apenas da Bolívia. A única partida da chave foi disputada no Independência, e os uruguaios venceram por 8 a 0, com gols de Miguez (3), Schiaffino (2), Vidal, Perez e Ghiggia.
     Os quatro finalistas foram agrupados em um grupo único com todos jogando entre si. A estreia foi contra a Espanha, no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Ghiggia marcou o primeiro gol, aos 29min, mas os espanhóis viraram ainda no primeiro tempo, com dois gols de Barosa. No segundo tempo, o capitão Obdulio Varela garantiu o empate ao Uruguai.
     O jogo seguinte foi contra a surpreendente seleção da Suécia, e novamente o Uruguai foi para o intervalo atrás no marcador. Entretanto, dois gols de Oscar Miguez nos últimos 15 minutos fizeram com que os sul-americanos vencessem a partida por 3 a 2.
     O Brasil havia vencido os dois primeiros jogos da fase final - massacres sobre Suécia (7 a 1) e Espanha (6 a 1) - e chegou para a partida contra os uruguaios com a vantagem de jogar pelo empate. Mas aconteceu o que ninguém esperava.
     Sob os olhares de 174 mil pessoas presentes ao Maracanã, público recorde em Copas, os brasileiros foram surpreendidos. Após saírem na frente, com Friaça, os vizinhos sul-americanos viraram, com gols de Schiaffino e Ghiggia.
     Atrás do marcador, o Brasil não conseguiu reagir. A torcida, muda, viu o Uruguai tocar a bola nos minutos finais e sagrar-se bicampeão mundial. Os jogadores da Celeste, no entanto, tiveram que esperar o desembarque em Montevidéu para comemorar. As ruas brasileras foram tomadas por um silêncio fúnebre.

COPA DO MUNDO DE 1938 - FRANÇA
ITÁLIA - CAMPEÃ
A Itália era a equipe a ser batida em 1938. Além de ter vencido a edição anterior da Copa, havia levado também a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Berlim, dois anos antes. E com o regime fascista aproximando-se do seu auge, conquistar o bi era questão de honra para o ditador Benito Mussolini.
Por tudo isso, a seleção italiana enfrentou também a antipatia dos torcedores franceses. Na estreia contra a Noruega, o técnico Vittorio Pozzo ordenou aos seus comandados que fizessem a saudação fascista. Mais de 10 mil torcedores presentes ao estádio Velodrome, em Marselha, vaiaram a atitude. Um ano depois começou a Segunda Guerra Mundial.
Mesmo com um elenco bastante reformulado em relação àquele que havia triunfado quatro anos antes - embora ainda fosse comandada por Pozzo e tivesse Giuseppe Meazza como craque -, a Itália não perdeu o brilho e derrubou todos os quatro adversários que cruzaram seu caminho.
O mais difícil deles foi a Noruega, rival batida na semifinal olímpica em 1936. O jogo foi praticamente uma reprise. Os italianos saíram na frente, mas cederam o empate no final e só conseguiram a vitória na prorrogação, graças a um gol de Piola. Em seguida, a Itália cruzou com a França e, apesar da pressão da torcida, não deu chances à anfitriã - venceu por 3 a 1, com mais dois gols de Piola.
Na semifinal contra o Brasil, a "Azurra" contou com a ajuda dos próprios brasileiros para conseguir a vitória. O técnico Ademar Pimenta não escalou Leônidas da Silva, principal craque do torneio até então, alegando contusão. O jogador, entretanto, teria condições de jogar a partida.
A lambança continuou em campo. Quando o Brasil já perdia por 1 a 0, Domingos da Guia agrediu o artilheiro Piola dentro da área e cedeu um pênalti aos rivais. Após receber um pontapé do italiano, o brasileiro revidou dentro da área e o juiz marcou a penalidade. Apesar dos protestos dos brasileiros, Meazza bateu com perfeição e ampliou a vantagem. No fim do jogo, Romeu ainda diminuiu para a seleção brasileira, mas não foi o suficiente para impedir a caminhada italiana rumo ao título.
O resultado de 2 a 1 acabou com a empolgação dos brasileiros, que faziam sua melhor campanha em Copas, e levou os italianos à segunda final consecutiva. Apesar de todo o clima desfavorável para a decisão, com a torcida francesa protestando nas ruas contra o fascismo, a Itália entrou em campo confiante e fez uma grande partida.
Com dois gols de Colaussi e mais dois de Piola - o melhor jogador italiano no torneio -, a "Azurra" ganhou da Hungria por 4 a 2 e se tornou a primeira seleção a levantar a taça Jules Rimet duas vezes.

COPA DO MUNDO DE 1934 - ITÁLIA
ITÁLIA - CAMPEÃ
     Com o sucesso da primeira edição, no Uruguai, a Copa do Mundo despertou o interesse de dois países europeus. Suécia e Itália queriam organizar o Mundial de 1934, mas por motivos diferentes. A primeira estava de olho nos lucros do evento, enquanto a segunda queria usá-lo para promover o regime fascista.
   Os suecos desistiram por falta de condições financeiras. Restou à Itália, comandada por Benito Mussolini, apenas a confirmação do interesse na realização do torneio, mesmo no momento em que uma séria crise institucional se abatia sobre o país.
   Na parte técnica e tática, a segunda Copa evoluiu bastante em relação à primeira. Em comparação com o anterior, o Mundial de 34 apresentou um equilíbrio maior entre as seleções. Só não foi melhor porque o campeão Uruguai se recusou a participar em represália contra a ausência de muitos países europeus quatro anos antes, em sua casa.
  Mais uma vez dividida, agora entre profissionais e amadores, a seleção brasileira não conseguiu passar à segunda fase, sendo derrotada pelos espanhóis por 3 a 1 logo na estreia. Ao lado do Brasil, Argentina, Estados Unidos e Egito perderam no duelo inicial, deixando a disputa do título exclusivamente para os países europeus.
   Interessado em tirar o máximo proveito político da competição, Mussolini acompanhou pessoalmente todas as partidas da Copa, inclusive a final. Os italianos, pressionados por "Il Duce" (como era conhecido o líder fascista), venceram a Tchecoslováquia por 2 a 1 na prorrogação e ficaram com o título.

COPA DO MUNDO DE 1930 - URUGUAI   
URUGUAI - CAMPEÃ
      Se hoje o Uruguai decepciona, não era assim no início do século 20. A equipe havia conquistado o bicampeonato olímpico (1924 e 28) e, jogando em casa, era a favorita para vencer a primeira Copa do Mundo. Ainda mais com as ausências das principais forças europeias, como Inglaterra, Espanha e Itália, que desistiram de competir por causa da distância e da crise econômica.
     As seleções foram divididas em quatro grupos. Encabeçaram as chaves: Argentina, Uruguai, Brasil e Estados Unidos, este último com vários jogadores de origem escocesa. Somente quatro equipes vieram da Europa para a América do Sul, todas consideradas do segundo escalão: França, Iugoslávia, Romênia e Bélgica.
     Apesar do amplo favoritismo, a seleção uruguaia não fez uma boa estreia. Só conseguiu vencer o Peru por 1 a 0, graças a gol de Castro aos 15min do segundo tempo. Depois disso, porém, a equipe da casa deslanchou - goleou a Romênia por 4 a 0, ainda pela primeira fase, e aplicou 6 a 1 na Iugoslávia, na semifinal.
     No dia 30 de julho, o estádio Centenário, construído especialmente para a Copa, recebeu mais de 80 mil pessoas para a partida final, que envolveu os anfitriões e os argentinos. Foi a reedição da disputa pela medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Amsterdã, dois anos antes (também vencida pela equipe Celeste).
     Para acompanhar o duelo entre as duas seleções, cerca de 30 mil argentinos cruzaram o rio da Prata - apenas 10 mil entraram no estádio - na esperança de voltar com o título de campeões mundiais. Em contrapartida, temendo confrontos entre os torcedores, o governo uruguaio também destacou 10 mil policiais para garantir a segurança.
     Diante dos argentinos, a seleção uruguaia soube colocar em campo a tão falada raça e a determinação necessárias para chegar o título, mas não sem antes levar um susto. Após sair à frente, com Dorado, aos 12min, o que parecia impossível aconteceu: a Argentina virou o jogo no primeiro tempo, com Peucelle, aos 20min, e Stábille, aos 38min.
     No segundo tempo, após o empate, com um gol de Cea, aos 12min, os torcedores uruguaios empurraram sua seleção rumo à vitória. Aos 23min, a festa começou em Montevidéu, quando Iriarte marcou o terceiro. No fim da partida, o raçudo Castro fez 4 a 2 e confirmou a conquista do título mundial. Após o apito final do árbitro belga Jean Langenus, o governo uruguaio decretou feriado nacional para o dia seguinte. Com o título garantido, a imprensa local fez questão de ressaltar que se tratava do tricampeonato mundial, em alusão às duas conquistas olímpicas recentes, nos anos de 1924 e 1928.
Fonte: copadomundo.uol.com