sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O QUE É QUE O FUTEBOL TEM?

“Qual a graça de ver um bando de homens correndo atrás de uma bola?”. A questão levantada geralmente por aqueles que não apreciam o futebol pode até ter um fundinho de verdade. O que tanta gente encontra de interessante em 22 homens correndo atrás de uma bola (e um correndo atrás dos 22), a fim de colocá-la em um retângulo todo amarrado com barbantes? Seria simples a imbecilidade do esporte. Mas não é.
     Ele é muito mais que isso. Mais que um jogo, que um esporte. É difícil, diria até impossível, achar algum ramo da vida moderna que não possa ser relacionado com o futebol. Guerra? Antropologia? Economia? Medicina? Culinária? Humor? Por maior que seja a diversidade de temáticas que permeiam a vida humana, pelo menos uma influência, mesmo que em tempos remotos, o futebol exerceu. O mundo é vasto, mas não se esqueça, ele também é uma bola.
     E por mais que povos, intelectuais e fidalgos o rejeitem, não tem jeito. O esporte bretão é o mais amado e o que mais provoca amores. Aliás, esporte bretão não, universal. Por mais que os filhos da rainha afirmem a paternidade do futebol por ter organizado regras, todos os cantos do planeta têm seus genes registrados no DNA da bola. Ancestrais chineses, medievais italianos, artistas brasileiros e até mesmo aqueles norte-americanos que carregam bolas ovais com as mãos têm seu espaço na árvore genealógica futebolística.
     Qual seria então o elixir do futebol? Qual sua fórmula secreta? Não há. A simplicidade é o que faz o futebol. E numa tentativa de explicar a paixão que provoca, o único motivo que pode se tornar plausível é a sua capacidade de apaixonar. O futebol hipnotiza multidões. Leva pessoas das mais diferentes características a se transfigurarem por conta de um lance. Até um mafioso choraria após uma derrota de seu time. Mesmo um monge tibetano perderia a paciência quando o seu centroavante perdesse aquele gol feito. O maior pessimista do mundo ainda conseguiria enxergar a esperança em uma vitória suada.
     E essas pessoas, com reações tão particulares em seus gestos de alegria e angústia, são capazes de se transformar em um único gigante. Um outro jogador mais imprescindível que Pelé, mais espetacular que Maradona e que tem como traço mais marcante a garra e a energia. Camisa 12 eterno, a torcida é sem igual, o atacante mais efetivo da equipe, o marcador mais implacável.
     Além de tudo, a torcida é musa inspiradora de todos os jogadores, de craques mundiais a peladeiros da várzea. Quem nunca sonhou em ter seu nome gritado por milhares de fanáticos, balançando as redes em uma final de campeonato? A magia da aclamação é o mecenas da arte do futebol. O drible que deslumbra, o passe milimétrico, o gol impossível. A beleza dos lances em campo se inicia na imaginação dos torcedores e se concretiza nos pés daqueles que se tornam oferenda para agradar os deuses situados na arquibancada. Como recompensa, a glória.
      Afinal, o que há mesmo de interessante nos 22 homens que se cansam atrás de uma bola? Nada. A graça está no que algo tão simples e insignificante consegue provocar. Constrói culturas, influencia pensamentos. Fato instigante que fascina, a partir os pés dos jogadores, o coração dos torcedores.

Fonte: doludicoavarzea.blogspot.com